quarta-feira, 26 de maio de 2010

Anarquistas Graças a Deus, Zleia Gattai


uma deliciosa historia um retrato de família onde a autora Zélia Gattai relembra sua infância vivida numa São Paulo ainda menina dando seus primeiros paços para se formar a metrópole que é hoje. Zélia conta a saga dos primeiros imigrantes chegados ao Brasil, com uma leveza que nos prende a atenção do princípio ao final do livro e nos deixa com um gostinho de quero mais. Neste livro entramos em contato com os primeiros movimentos políticos proletários, a massa de trabalhadores da emergente industrialização de São Paulo. A família paterna de Zélia migrou para o Brasil em busca de realizar um grande sonho, faziam parte da leva de florentinos que buscavam fundar em terras brasileiras a primeira colônia socialista da América do sul uma grande utopia, a pouco conhecida Colônia Santa Cecília no interior do Paraná. Este é um relato histórico, um livro de memórias como existem poucos no Brasil, inclusive por não ser tradição em nossa literatura livros de memórias. Sua família era composta de seu pai o senhor Ernesto Gattai, de família anarquista e dona Angelina, da família Dal Col genoveses católicos, vieram na primeira leva de imigrantes para substituir os escravos nas lavouras de café. O senhor Gattai um amante de corridas de automóveis, grande campeão. Passou de consertador de bicicletas a dono de oficina mecânica. Sendo o primeiro a fazer uma viagem de ida e volta ao litoral de Santos, subindo a serra do mar numa aventura automobilística hilariante. A família era composta de seu irmão Remo, Vanda, Vera e Tito. Estes são os personagens principais deste livro. E sobre eles que Zélia escreve sobre suas vidas a casa onde viviam, o cotidiano de uma família italiana. Não só italianos, mas outros imigrantes porque a história permeia as relações de vizinhanças, as reuniões anarquistas proletárias. Uma emergente classe operária com suas contradições e ideologias. Muito significativo o relato, sobre seus familiares seus amigos os parentes, a rua onde viviam, o bairro. A autora nos mostra uma são Paulo surgindo, com nascimento de bairros tradicionais como o Braz e o Bexiga. Uma Avenida Paulista ainda cheia de terrenos baldios com poças de lama. Os primeiros automóveis. A evolução dos imigrantes e a formação da grande nação brasileira devido à contribuição destes diferentes povos. É um livro emocionante que nos reporta à nossa própria infância.

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